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Com a crise, insônia chega a atingir 50% da população

Renda reduzida, consumo menor e o fantasma do desemprego estão fazendo com que brasileiros passem noites em claro. Em tempos de turbulência, insônia pode atingir até 50% da população.

Não adianta deixar o quarto escuro, desligar a televisão, rezar ou contar carneirinhos. A crise atual pela qual passa o Brasil tem prejudicado não só os aspectos político e econômico, como também a saúde dos brasileiros. A insônia, principal distúrbio do sono – pois atinge cerca de 20% da população adulta no Brasil e no mundo –, pode se agravar quando associada a quadros de estresse e de ansiedade muito comuns nesses períodos turbulentos, podendo atingir até 50% da população do país. A estimativa é do departamento de Neurologia da Faculdade Ipemed de Ciências Médicas, feita pelo neurologista Oswaldo J. Bramussi Pires, professor da instituição.

“Começou há algum tempo, com um dia estressante de trabalho que ficou reverberando na cabeça. É como se o apagar das luzes e o calar dos sons dessem espaço extra no cérebro, e ele simplesmente estourasse. Os pensamentos todos correm atrás do próprio rabo e não levam a conclusão nenhuma – a não ser a de que você não vai pegar no sono tão cedo”. O trecho do texto “Eu, Insone”, escrito pelo blogueiro José Carlos, reflete bem como têm sido as noites de alguns brasileiros.

Com a renda reduzida e a consequente diminuição do consumo do brasileiro, profissionais das mais diversas áreas relatam o terror de passar várias noites em claro. “À noite a gente deita e fica pensando no que vai fazer no dia seguinte para sobreviver”, relata a comerciante Alessandra Pessoa, 51. Há 25 anos no mercado de roupas femininas no bairro Santo Antônio, ela diz que, pela primeira vez, viu suas vendas diminuírem 40%. Queda que refletiu diretamente na saúde: “Em um mês emagreci 5 kg e tive três gripes, por causa da baixa imunidade e da ansiedade”.

Uma pesquisa da consultoria alemã GFK realizada com mais de 27 mil usuários de internet a partir de 15 anos, em 22 países, incluindo 200 participantes do Brasil, indicou a insônia como uma das principais consequências de estresse para 41% dos brasileiros entre 20 e 29 anos.

É o caso do engenheiro e sócio da Refúgio Engenharia Ambiental, Fred Viana, 29, que sem medicação já não consegue dormir mais do que três horas por noite. “Sempre tive muita dificuldade para dormir, mas no meu caso, a insônia está mais relacionada aos transtornos de ansiedade, e o quadro piora quando estou mais estressado”.

Dessa forma, depois de ver a redução no número de clientes e do faturamento da empresa, o mal momento do país acabou refletindo em sua saúde. “Só consigo dormir com o remédio. Se não durmo fico irritado, e aí o problema vira um ciclo”.

Na avaliação do neurologista e professor da Faculdade Ipemed Oswaldo Bramussi, com medo de perder o emprego, as pessoas passaram a trabalhar acima do limite. “A gente funciona em uma velocidade de conforto, e deveríamos chegar ao limite ocasionalmente. Mas se você trabalha só na base na adrenalina, extrapolando esse limite, quando chega em casa não consegue relaxar”, afirma.

Segundo Bramussi, é impossível manter esse ritmo acelerado por muito tempo sem nenhum dano à saúde. Os relatos mais comuns que ele recebe são de pacientes com tremores embaixo dos olhos, queda de cabelo, peso alterado, e ciclo menstrual e intestinos desregulados. Por isso, segundo o médico, qualquer alteração no padrão de sono que incomode deve ser levada a um médico de confiança. “O corpo foi feito para funcionar 24 horas, mas a mente, não. Por isso, precisamos do sono com a fase REM, que é a reparadora”, diz.

Levantamento feito pela clínica Med Rio Check-up, no Rio de Janeiro, que já realizou mais de 100 mil check­ups médicos em executivos e funcionários de alta gerência de grandes empresas do país, mostrou que houve elevação nos casos de pacientes com insônia e depressão no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado.

De acordo com o diretor da clínica Gilberto Ururahy, a insônia – que em 2015 atingia 20% das pessoas –, hoje já chega a 25% das mulheres e dos homens examinados. “Da mesma forma, também observamos uma elevação nos índices de depressão, de 8%, para 12%, um aumento de quase 50%”, diz.

Para Ururahy, “o Brasil está fazendo mal ao brasileiro”. “Cerca de 70% da nossa população convive hoje com níveis de estresse elevadíssimos. E o estresse, quando é crônico, leva o indivíduo a produzir dois hormônios: a adrenalina e o cortisol”, afirma. A adrenalina, segundo ele, é um hormônio com potente ação estimulante que mexe com todo o sistema cardiorrespiratório, gera taquicardia, aumenta a pressão arterial e altera o sono. Já o cortisol prejudica a imunidade, deixando o indivíduo mais propenso às mais diversas infecções, e já foi identificado como grande causa da depressão. Além disso, estimula o apetite e inibe a ação da insulina, gerando um ganho de peso.

Para Ururahy, dessa forma, o ciclo se estabelece. “O sono de pouca qualidade tem um efeito muito nocivo sobre o corpo. O indivíduo que dorme mal acorda cansado, fica preguiçoso para a atividade física, lança mão de cafeína, açúcar e álcool como fontes de energia e pode desenvolver doenças crônicas, como diabetes e depressão. O indivíduo que não sonha tem lapsos importantes de memória”, completa.

Uma alimentação equilibrada e pelo menos 30 minutos de atividade física ajudam o corpo a produzir endornifas – que são como “morfinas naturais” – que atenuam os efeitos negativos desses hormônios.

Fonte: O Tempo por Litza Mattos [link]

Artigo postado em 27/06/2016

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